O Mestre e o Egeu
Agora percebo a minha atracção por pelo elemento aquático.
Aí, junto ao mar Egeu, onde há milhares de anos (sim, já se podem contar milhares), aprendi com o meu Mestre helénico como seria fácil o meu percurso se respeitasse as regras básicas de um viajante do éter.
Não me lembro das lições (peço-te perdão), lembro-me do amor que havia entre nós, lembro-me de o escutar sentado no alto de uma colina enquanto pensava em voz alta o que dizer para acarinhar o meu espírito ou repreender a minha impaciência. Lembro-me de querer seguir as suas pegadas. Lembrei-me agora do erro que é querer ser igual a alguém. Ninguém é igual a ninguém, cada pessoa é única na sua pequenez ou na sua magnitude.
Ainda hoje não sei quem poderei ser.
Ainda hoje não sei quem é suposto eu ser.
Sentados num planalto disse-me, com um tom jocoso, enquanto me abraçava e apertava nos seus braços: "Sempre foste o meu melhor dísciplo, mas continuas um idiota com as mulheres". Porque me lembro das banalidades e não do mais importante? Porque decoro sempre o pormenor e nunca o geral.
Ao fundo, mergulhados no Egeu, víamos uns pequenos rochedos que nos lembravam a paisagem irregular, e tão característica, do mar das mil ilhas.
Eu lembro-me.
Eu estive lá.
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